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Por que pensar na morte 2

Por que pensar na morte?

A morte é presença constante em nossa vida. Certeza única de nossa existência. Negação máxima de nosso viver. Nunca tolerada, muito menos vivida. Está sempre além, no mundo que nos rodeia, nos outros. Vem de fora, como uma imposição injusta da vida. Portadora de verdades cruéis, nos assusta, causa medo e paralisa. Como diz a música ao discorrer sobre a vida:

 
“Sempre desejada por mais que esteja errada. Ninguém quer a morte, só saúde e sorte”.
 

Pensar a morte é assumir uma fragilidade, é abrir a vida para possibilidades nem sempre agradáveis, é aceitar que viver não depende de nosso desejo, nem tampouco depende da sorte. A morte representa a perda de controle sobre o que nunca foi controlado: a vida.


Ao imaginarmos como gostaríamos de morrer (sim, isto é possível!) vamos enfrentar nossos grandes medos e também nossas maiores vontades e necessidades. Com quem gostaríamos de estar? Em que lugar nos sentiríamos “a salvo” nesse momento tão assustador? Quais seriam nossos maiores temores? O que nos traria paz nesse momento ímpar de nossas vidas?


Perguntas difíceis de serem realizadas, mas não tão difíceis de serem respondidas. Ao refletirmos sobre o momento que finaliza nossa existência, vêm à nossa mente aquilo que realmente é importante para a nossa satisfação e felicidade. A presença dos familiares e amigos, o contato mais íntimo com nossa fé, a sensação interior de que tudo valeu e vale a pena, as necessidades de cuidados e conforto para com o nosso corpo. E mais ainda, a proximidade consciente da morte nos impulsiona a dizermos o quanto amamos os queridos de nosso coração. É uma oportunidade de pedir e dar o perdão, trazendo leveza para esse momento de desprendimento e partida.


Portadores de tudo que nos é importante no momento da despedida, poderíamos então nos perguntar: por que não realizamos hoje em nossas vidas aquilo que seria importante se estivéssemos a morrer? Por que adiar para viver o que nos é mais importante somente na hora de findarmos nossa existência?


A experiência do morrer traz para o nosso viver a integridade, a inteireza de nosso ser. A partir dela, podemos viver o dia de hoje com mais verdade e mais alegria, na certeza que nossas escolhas estão de acordo com aquilo que é mais importante em nossas vidas, o que nos possibilita uma vida plena no eterno de cada instante.

“Não te aflijas com a pétala que voa: também é ser, deixar de ser assim. Rosas verá, só de cinzas franzida, mortas, intactas pelo teu jardim. Eu deixo aroma até nos meus espinhos ao longe, o vento vai falando de mim. E por perder-me é que vão me lembrando, por desfolhar-me é que não tenho fim.”

Cecília Meireles

1 Comentário

  1. Clélia Louvisi Bourganos disse:

    Texto encantador! Não falar da morte, não a impedirá de chegar até nós. A morte faz parte da vida…

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